Pandemia nos leva a refletir sobre o valor da vida


O corre-corre frenético, as preocupações, exigências e cobranças da vida nem sempre valem a pena.


A pandemia nos levou a refletir sobre o valor das coisas em relação ao valor da vida. Tantas obrigações, exigências, cobranças, correrias, brigas, intrigas e inimizades para tudo isso acabar numa cova de cemitério. É nesse lugar que tudo acaba. Ninguém cobra mais nada do morto e com o tempo esquecem completamente que tal ser humano existiu. Não há mais sorrisos, piadas, alegrias, amor, ódio, tudo acaba ali, naquele corpo inerte e frio.

A tão profetizada terceira guerra mundial nos chegou em forma de vírus. Um inimigo invisível que não nos permite cometer erros. Mais do que nunca precisamos da razão, do bom senso, da paciência e do exercício de todas as nossas habilidades para que possamos sobreviver. Chegamos ao ponto de não sabermos se amanhã vamos estar vivos. Isso com grande possibilidade de ser real. Quando não se morre de COVID-19 se morre de ação de bandidos. Precisamos ponderar o valor da vida em relação as coisas que valorizamos. Vale a pena tantas intrigas, inimizades, ódio, ausências e indiferenças para se conseguir um diploma, manter um emprego, posição social, bens materiais ou salário? Vale mesmo a pena?

Logo quando casei, fui morar com minha esposa, casa, carro, móveis e tudo novo. Já no primeiro semestre de casado entrei para a faculdade de engenharia. Chegava em casa todos os dias por volta das 11 horas da noite, casando e sobrecarregado de trabalho e estudo. Aos sábados ainda participava das aulas práticas. Domingo tinha que fazer os trabalhos escolares, estudar para provas, etc As prazerosas caminhadas da tarde foram substituídas por trabalho e estudo. Sem me dar conta, deixei a esposa em segundo plano. Dois anos nessa pisada, a esposa começou a sentir fortes dores nas costas e falta de ar. Numa dessas noites, ao chegar exausto da faculdade e com muito trabalho para entregar no dia seguinte (quando chegava em casa ainda trabalhava no computador), a esposa pediu para que eu fosse comprar um remédio para gases. Até então ela pensava que os sintomas que sentia eram decorrentes do excesso de gases abdominais. Impaciente e cansado, saí praguejando e fui comprar o medicamento. Com muita má vontade, dei o medicamento a ela na cama, tomei banho, comi alguma coisa e fui elaborar os documentos dos clientes no computador. Quando decidir ir para cama, encontrei a esposa gemendo e com as extremidades roxas. Foi nesse momento que me dei conta da gravidade da situação. Não olhava mais no rosto da minha própria esposa, não a beijava e nem conversava com ela. No hospital, recebi a notícia que era embolia pulmonar. Ao ver minha esposa respirando por aparelhos, inconsciente e tomando anticoagulantes, percebi o mal que tinha causado ou deixado acontecer. Se tivesse prestado mais atenção teria percebido que alguma coisa séria estava ocorrendo com ela. Dois meses internada, ao voltar para casa já não era mais aquela mulher jovem, alegre, vigorosa e de corpo escultural que eu nem reparava mais. Caiu a ficha apenas quando pude comparar a mulher de antes com a de depois. Ainda hoje há sequelas físicas e emocionais, mas nossas vidas mudaram muito depois disso. Quase tarde demais, mas aprendi a lição. Doze anos de casamento e nunca tivemos nenhuma briga, agressões físicas ou verbais ou mesmo desentendimentos. Ainda hoje me pergunto: como pude fazer isso com uma mulher dessa? Ainda mais tendo plena consciência que a amo? Apesar de ser bem mais jovem que eu, minha esposa nunca precisou do meu dinheiro. Sempre trabalhou e teve sua renda. Então por que cargas d'água eu precisei fazer isso? 


Às vezes é preciso um choque, sopapo ou solavanco na vida para que possamos acordar. O apelo do mundo é forte. Somos bombardeados 24 horas por dia com ideologias que dizem que precisamos de diploma, mais dinheiro, posição social, carros e celulares de última geração, etc Lerdo engano. A felicidade não está, nunca esteve e jamais estará nisso. Um colega veio mostrar a BMW nova dele e perguntou porque eu não comprava uma também. Respondi para ele que era porque eu não queira pagar o preço. Acho que ele não entendeu bem o que eu quis dizer com isso, pensando que eu me referia ao preço do veículo. Se eu posso comprar um carro intermediário que me serve bem porque vou sacrificar tantas coisas preciosas para ter algo que não paga esse valor? Não troque valor por preço. Sua vida e a vida de quem você ama não tem preço, mas um valor inestimável. 

Infelizmente precisamos correr atrás de dinheiro para sobrevivermos e termos um mínimo de conforto, lazer e saúde (qualidade de vida) e realização pessoal. O problema é quando o dinheiro que ganhamos promove coisas com preço e destrói coisas com valores. Quando chega nisso é hora de mudar de rumo. É melhor termos um pouco de tudo que tem valor do que tudo de tudo que tem preço.   


É hora de respirar fundo, se acalmar, usar o bom senso, medir as consequências, pensar nas possibilidades, estar atento as oportunidades e agir de forma racional em todas as situações.  Se você se interessou por este artigo e chegou até aqui é porque você é inteligente. Vai conseguir vencer as dificuldades. Não se desespere. Estou na casa dos 60 e sempre que tive num beco sem saída, no pior momento, quando tudo estava acabado e sem nenhuma forma de escape, do nada sempre se abriu uma fresta por onde pude escapar. Não se mate e nem mate ninguém, faça o teste. Pague para ver e tenha uma excelente surpresa. O amanhã nunca é pior do que o hoje. Lute, batalhe, vá em busca, não se sinta humilhado por ter que fazer trabalhos que você considera (sim, você considera) menos importante. Foque no objetivo e não no problema ou nos outros. Considere a pandemia a graduação mais importante da sua vida e curse a mesma com o máximo de empenho e aproveitamento. Boa sorte e sucesso.    


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