Você pensa como técnico ou como empresário?
Em visita a um cliente, presenciei uma insatisfação do proprietário da empresa em relação ao locador do galpão onde a empresa funcionava. O locador não cumpria as determinações do locatário em relação as exigências de SMS, como manutenção das bombas de incêndio, reserva técnica, etc
Então falei para o cliente que se a empresa fosse minha eu preferia comprar o galpão. Desse modo eu poderia projetá-lo e realizar todas as alterações necessárias ao cumprimento das normas vigentes.
O cliente disse que eu faria isso porque penso como técnico e não como empresário. Daí eu perguntei: "como assim?" (Como assim? = Sou ignorante).
O cliente explicou:
"Este galpão custa um milhão de reais e o aluguel dez mil. Eu compro ele e deixo meu milhão preso para o resto da vida. Mas se eu pego meu milhão e aplico em investimentos, ganho vinte mil reais, pago o aluguel de dez mil e ainda fico com dez mil e o galpão".
Sabe, aqueles empregados que ficam matando horas, olhando para o relógio, xingando, trabalhando de qualquer jeito só pelo salário, sabotando a empresa e ainda apregoando aos quatro ventos que o patrão é um FDP explorador e escravocrata? Pois é. O patrão do empresário é o cliente. Já imaginou se ele faz isso com o cliente? Interessante que esse tipo de profissional geralmente se supervaloriza, acha que só tem direitos e sempre merece mais do que tem. Se você é bom o suficiente, vá ser empresário ou arranje um emprego que esteja à sua altura, ora.
Se você faz isso como empregado, certamente também vai fazer como empresário. E dificilmente obterá sucesso, seja como empregado ou patrão. Às vezes é preciso perder para ganhar. Fazer questão por coisas insignificantes denota pequenez.
Nas últimas décadas, disseminou-se a ideologia de que o patrão é escravocrata, explorador, ladrão e que todo empregado deve buscar seus direitos (que às vezes nem tinha) na justiça. Em contrapartida, a crise moral que se abateu sobre o País rumou em direção contrária: ficou difícil encontrar um trabalhador honesto. Isso, atrelado ao paternalismo da justiça do trabalho, culminou numa insegurança jurídica terrível para as empresas. Tal insegurança foi reduzida no governo Temer, com alterações significativas na CLT e no CPC.
Os melhores técnicos (profissionalmente) são aqueles que possuem foco exclusivo no serviço a ser executado. Apesar disso ser excelente para a organização, para o profissional é péssimo. Vai passar a vida sendo técnico, seja de qual nível ou de que área for.
No entanto, se você pensa como empreendedor, a possibilidade de obter sucesso tanto como empregado quanto como patrão é bem maior. O técnico passa a vida trabalhando para enricar o empresário. O empreendedor faz as duas coisas (seja qual for a situação). Desnecessário dizer que o profissional empreendedor não fica muito tempo como empregado. Esse tipo de profissional visualiza a profissão de modo mais abrangente (com a visão do dono da empresa) em todos os aspectos e contemplando suas implicações (custo, mercado, oportunidade, inovação, etc).
