A história de "seu Cláudio"


Nem sempre a vida é como nós planejamos. No caminho da vida sempre nos deparamos com obstáculos. E o destino nos faz esbarrar com anjos e demônios. Essa é a história de seu Cláudio.


Cláudio, casado, pai de dois filhos de 1 e 3 anos, evangélico, vivendo de precários e xingados favores na casa da sogra, estava desempregado fazia 3 anos. Conheceu a esposa na igreja a qual fazia parte. Cláudio se esforçava para ser um cristão autêntico, mas a esposa e a sogra viviam naquela hipocrisia velada, com mais fingimento do que testemunho cristão. A sogra era viúva de um capitão da marinha e havia herdado uma boa casa e uma gorda pensão. Mas apesar da boa situação financeira, a sogra não ajudava muito os então intrusos. Alegava que não ia sustentar vagabundo e nem família de vagabundo. Antes do desemprego, Cláudio era bem quisto pela sogra. Trabalhando numa multinacional, ganhava um bom salário. Era os mimos da sogra, que vivia contando vantagens do genro. Mas após perder o emprego e não conseguir outro, a sogra passou a ver Cláudio como um fracassado, uma vergonha para a família, para a igreja e a para a sociedade. Desnecessário dizer que o dicionário da língua portuguesa não era suficiente para suprir o estoque de palavras humilhantes que a sogra utilizava contra ele. Sob forte pressão e vendo mulher e filhos passando necessidade, aos domingos tomava emprestado de amigos a parte do jornal com os classificados. Nas segundas-feiras saía em busca do sonhado emprego. Humilhado pela sogra e pela esposa, Cláudio não conseguia emprego, apesar do excelente currículo na área contábil e administrativa.

Mas parece que a sorte de Cláudio havia mudado. Certa manhã ensolarada de um domingo primaveril, Cláudio pode visualizar nos classificados o anúncio de uma vaga feita para ele. "Achei", essa aqui vai ser minha", disse ele. Tratava-se de uma vaga para área contábil em uma pequena loja no centro da cidade.

Na segunda-feira, Cláudio levantou às cinco da matina. Não conseguiu nem dormir direito pensando nessa vaga. Tudo que era exigido do profissional, Cláudio tinha em abundancia. Ás 8 h, lá estava Cláudio em frente a loja ainda fechada, com sua melhor roupa que ainda restara da sua guerra contra o desemprego. A rua comercial que abrigava um conjunto de lojas ainda estava deserta. Posicionado na frente da loja, Cláudio pode perceber a chegada de outros candidatos com suas pastinhas de currículos debaixo do braço. Ao se aproximar às nove horas, começaram a chegar também os funcionários, que aguardavam a chegada do proprietário para abertura do estabelecimento. Um dos funcionários perguntou aos que aguardavam se estavam ali para seleção. Quatro responderam afirmativamente. Então Cláudio pensou "Tenho que vencer quatro". Mas continuou confiante que a vaga seria sua. Afinal possuía formação técnica e anos de experiência na área e em empresa de grande porte.

O proprietário da loja chega acompanhado pela filha, uma moça linda, que Cláudio se esforçava para não olhar. Com um sonoro bom dia (que todos responderam prontamente), levantou a porta esteira e berrou: 

-Todos ao trabalho, acabou a mamata. 

Logo depois convidou os candidatos para sua sala, que ficava no térreo e no fundo da loja. A sala era formada por divisórias com vidraças, onde podia visualizar da sua cadeira toda a loja, inclusive quem entrava e quem saía do recinto. O Proprietário era seu Roberto, um judeu muquirana, exigente, brabo, enxerido e metido a rico. Era de porte  alto, buchudo e careca. A filha do seu Roberto era uma moça linda, perfeita, cor rosada e cabelos longos pretos aveludados. Bem vestida com seu tubinho preto, deixava mostrar os contornos do corpo. Com a jovialidade dos seus peitinhos durinhos, pernas grossas e bumbum empinado, Mônica era um espetáculo.  

Após pegar os currículos e fazer uma entrevista coletiva, seu Roberto mandou que todos os candidatos aguardassem o resultado da seleção em casa. Cláudio não saiu com muita esperança. Esperava algo mais formal e profissional. No entanto, nessa mesma segunda-feira, Cláudio recebe o telefonema de uma das funcionárias dizendo para ir no dia seguinte levando toda a documentação de praxe. Cláudio pulou de alegria. "Consegui! Consegui!", berrou ele para a sogra e para a esposa.

No dia seguinte e com dinheiro emprestado da sogra, lá estava Cláudio para o seu primeiro dia de trabalho. E conforme orientação dada na entrevista pelo proprietário, levou sua marmita fedendo a comida azeda debaixo do braço. Quando o proprietário chega, o mesmo ritual é repetido, inclusive o "Todos ao trabalho, acabou a mamata". Logo Cláudio percebeu que iria lidar com isso por muito tempo. 

Na sala de seu Roberto, Cláudio recebe as instruções iniciais:

-O senhor vai trabalhar com minha filha, no primeiro andar. Não quero gracinha sua com ela. O senhor vai chamar ela de "dona Mônica" e ela vai chamar o senhor de "seu Cláudio". E mesmo que ela queira alguma aproximação ou intimidade com o senhor, o senhor vai recusar. Não chegue perto e nem toque nela porque senão vai se haver comigo. Estamos entendidos? 

Cláudio concordou com tudo. Afinal de contas dona Mônica não era para o seu bico.

Apresentado ao local de trabalho e a dona Mônica, Cláudio iniciou as suas atividades no estabelecimento de seu Roberto. A sala ficava em um mezanino que ocupava cerca de 1/5 do salão da loja, ao fim de uma escada espiral metálica instalada junto a uma das paredes laterais. O local era pequeno, com cerca de cinco metros quadrados mais um banheiro. Não havia janela e nem paredes com vidraças. O calor era neutralizado por meio de uma pequeno aparelho de ar condicionado.

Enquanto Cláudio separava a documentação acumulada anteriormente por falta de funcionário,  Mônica permanecia calada em sua mesa, mexendo no computador. Mas de repente ela fala:

-Seu Cláudio!

Cláudio, sem olhar fixamente para ela e mexendo na documentação enrolada por uma liga de amarrar dinheiro, responde: 

-Sim?

-O senhor sabe o que é um ponto brilhante andando pelo chão?

Cláudio: 

-Não!!!

-É uma formiga de aparelho dental. Disse Mônica.

Cláudio dá um sorriso amarelo e diz:

-Tá certo.

Segue-se um novo silêncio. De repente, Mônica fala de novo:

-Seu Cláudio...

-Sim?

-O senhor sabe o que é um pontinho verde no canto da parede?

Cláudio responde: 

-Uma formiga marciana?

Mônica: 

-Não. É uma ervilha de castigo.

Cláudio não aguenta, dá uma gargalhada e pergunta:

-E o que foi que ela fez?

Mônica responde:

-Comeu o ervilho.

Cláudio achou melhor não dá corda. Disse apenas "tá" e continuou trabalhando.

Por volta das 11 horas, Mônica desce para ir almoçar em casa com o pai. Começam a chegar funcionários na sala com suas marmitas para o almoço. Fazem revezamento para que a loja não fique só nesse horário. Em meio ao fedor de comida azeda, Cláudio também decide abrir a sua marmita para almoçar, juntamente com um rapaz do estoque e uma moça do caixa. Foi aí que Cláudio descobriu onde tinha se metido: a menina era doida de pedra, já tinha sido internada várias vezes. Nem a própria mãe a suportava. Por isso que ninguém ficava na vaga por muito tempo. O Pai também era meio desequilibrado, mas tinha tido a sorte de ter herdado a loja.

Por volta das 15 horas, Mônica chega com seu pai na sala do Cláudio:

-Boa tarde seu Cláudio, como está o trabalho?

Cláudio respondeu que estava tudo bem e explicou o que estava fazendo em função da prioridade das pendencias.

Roberto logo concordou e desceu para sua sala.

Como sempre, Mônica passou toda a tarde calada, mexendo no computador, que  ainda era de tubo. Mas ao final do expediente a loucura atacou de novo:

-Seu Cláudio, eu quero que o senhor venha até aqui.

Cláudio deixou o que estava fazendo, foi até a mesa da patroa e se posicionou ao lado dela, achando que talvez ela quisesse mostrar algo no computador. Daí ela disse:

-Preciso urgentemente dá um beliscão no senhor.

Cláudio voltou para sua mesa. Ela insistiu:

-Se o senhor não deixar eu vou gritar, me rasgar toda e dizer que o senhor tentou me agarrar.

Cláudio voltou para perto dela e disse:

-Tá bom. Dá o beliscão (oferecendo o braço).

Mônica retrucou:

-Não senhor, eu quero dá no bucho.  

Cláudio aproximou a barriga para ela aplicar o beliscão.

Mas ela reclamou:

-Nada disso, tem que levantar a camisa.

Cláudio hesitou por um momento, mas decidiu fazer o que ela queira, pensando ser essa a única forma de se livrar dela. Para isso, folgou o cinto, desensacou a camisa da calça, levantou e ofereceu a barriga avantajada para levar o beliscão. Mônica se lambeu, ajeitou os dedos, apoiou na barriga do Cláudio e aplicou o beliscão com toda força que tinha naqueles dedos magros. Uma dor insuportável, que deixou marcas de unhas e alguns hematomas. Cláudio aguentou a tortura calado, ensacou novamente a camisa, apertou o cinto e voltou para a sua mesa de trabalho. 

Terminou o expediente e Cláudio foi para casa sem saber por quanto tempo ia conseguir suportar esse emprego. Queria pelo menos receber uns meses para pagar algumas dívidas. Não falou detalhes para a mulher, apenas disse que a filha do dono era difícil de lidar. Mas a mulher não deu importância ao que ele dizia e já falava em alugar casa e fazer prestação para compra de móveis. Nem ao menos questionou a mancha que aparecia em destaque sobre a sua barriga branca. 

A quarta-feira amanheceu com a sogra colocando eles para fora de casa pela milésima vez. Cláudio pega a marmita fedorenta preparada pela esposa e sai para o trabalho.  

Na chegada ao trabalho o mesmo ritual se repete. Seu Roberto parece mais nervoso e fala alto com um dos funcionários da loja. Cláudio segue para a sala do mezanino junto com a Mônica. 

Mônica passa a maior parte do tempo mexendo no computador. No meio da manhã, seu Roberto avisa que vai precisar sair para resolver umas coisas. No salão da loja, os funcionários se esforçam para manter tudo nos conformes e realizar muitas vendas para seu Roberto.

Alguns minutos depois, baixa novamente o santo em Mônica e ela fica estranha. Sorrindo sozinha e olhando Cláudio de lado, chegava a ser assustador. Nesse dia, ela foi vestida de forma elegante e com roupas de grife, como sempre. Vestida com uma blusa de mangas e uma saia longa, ficava em pé na sala girando o corpo para lá e para cá e dando risadas. Daí ela pediu para Cláudio se deitar no chão que ela ia mostrar uma coisa para ele. Disse que era rapidinho.

Cláudio, achando que estava conseguindo controlar a doida simplesmente entrando na loucura dela, se deitou no piso da sala. Ela se aproximou pelo lado da cabeça, levantou a saia e rapidamente de sentou na cara dele. Só deu para ver algo escuro e muito cabeludo vindo em direção ao rosto. Estava sem calcinha e ele pode sentir o fedor de merda velha e de mijo azedo penetrando em seu nariz. Ficou esfregando o rabo e segurando ele pelo cinto e com as pernas para que não escapasse. Esfregava para frente e para trás, da vagina para o ânus, de modo que Cláudio pode degustar fartamente dos dois odores. Nesse contexto, os milésimos de segundos passados na terra de ninguém eram reconfortantes. Os pelos grandes e enormes se desprendiam em sua cara lisa de bosta e mijo. Dava para sentir algumas gotas de mijo nos pelos pubianos. Com a cara totalmente inserida na moita fedida e escura, Cláudio estava prestes a sufocar. Podia se livrar facilmente com uso da força, mas temia machucá-la e depois ter que se haver com o pai. Depois de muito esforço, Cláudio conseguiu se livrar do telefone de pernas e correu para o banheiro que dava para a sala. Trancando a porta, ensaboou bem a cara e a lavou por várias vezes. Mas o fedor não saía. Uma funcionária já havia comentado sobre esses odores que emanavam da Mônica, dizendo que ela parecia não ser muito higiênica.  

Ainda sentido o cheiro da inhaca do lambuzo na cara, Cláudio volta ao seu posto de trabalho e vê a Mônica mexendo no computador como se nada tivesse acontecido. Cláudio diz para ela:

-Não faça isso mais não, viu?

Mônica pergunta:

-Isso o quê?

Cláudio percebe que é perda de tempo discutir com doido e se cala.

À tarde, antes de largar, resolve ir até a sala do patrão. Na sala não havia cadeiras, a exceção da cadeira de encosto alto do chefe. Pede autorização para falar e o chefe concede. Posicionado de pé em frente a mesa do Roberto, ao levantar a vista percebe que o Roberto tem uma pistola apontada para seu peito. 

-Que é isso seu Roberto? Pergunta o trêmulo Cláudio. Muita coisa lhe passou pela cabeça nesse momento. Será que o seu Roberto havia descoberto alguma coisa? 

-Sai da frente... Disse seu Roberto fazendo gesto rápido com a mão esquerda e se inclinando para ver a porta da loja. 

-Ah! Pensei que fosse um assalto. Disse seu Roberto devolvendo a pistola na gaveta do birô. 

-Mas o que o senhor quer mesmo? Perguntou seu Roberto.

-É..., é..., que eu queria saber se eu posso trabalhar aqui com o senhor, na sua sala? Perguntou Cláudio.

-Por que você não quer ficar lá em cima? Perguntou Roberto.

-Porque dona Mônica conversa muito e está atrapalhando, fica o tempo todo fazendo perguntas e tira a minha concentração. Preciso ser mais rápido no serviço. O senhor pode me ajudar com isso? Disse Cláudio, que obteve a seguinte resposta:

-Não, seu Cláudio. Aqui em baixo só fica eu mesmo porque eu não quero que o senhor fique sabendo das minhas coisas. Eu não confio no senhor tanto assim. O senhor vai ficar lá em cima mesmo e nunca esqueça das recomendações que lhe dei em relação a Mônica.

-Sim, senhor. Respondeu Cláudio.

Ao chegar em casa, Cláudio decidiu contar para a esposa o que estava acontecendo. Mas ela não acreditou e ameaçou deixá-lo por ser preguiçoso e inventar desculpas idiotas para não trabalhar.  

No dia seguinte, seu Roberto novamente avisou que precisaria sair para alguns compromissos. Mônica havia descido junto com o pai e como estava demorando voltar, Cláudio pensou que ela teria ido junto. 

De cabeça baixa e concentrado no serviço, Cláudio ouviu um ruído baixinho: "tec..., tec...". Ao levantar a cabeça, viu um 38 apontado para sua cara. Era a Mônica que pegou uma das armas do pai e estava apontando para ele. O barulho que ouviu era do cão batendo levemente no detonador da bala e do gatilho se mexendo. A portadora estava pressionando o gatilho, mas não o suficiente para puxar totalmente o cão para trás de modo que pudesse retornar a sua posição inicial com energia suficiente para detonar o projétil. Cláudio deu um pulo da cadeira e fez Mônica cair na gargalhada. Depois de muita conversa, conseguiu tomar a arma. Após perguntar onde estava, foi até a sala do Roberto e a colocou novamente na gaveta.

Cláudio suportou esse emprego ainda pelo mês inteiro, recebeu o salário e decidiu mandar seu Roberto, dona Mônica, a mulher e a sogra para a puta que pariu. Arrumou as malas e voltou a morar com a mãe. 

Dois meses depois conseguiu um emprego decente em uma das empresas onde já havia participado de um processo seletivo. Ambientado, perguntou porque não tinha sido selecionado da vez anterior. A resposta foi que ele apresentou alto nível de estresse, nervosismo, insegurança e perturbação. Fruto da forte pressão psicológica da sogra e da mulher para que conseguisse um emprego rápido.

Às vezes é preciso fugir do problema para poder perceber coisas que são invisíveis a quem se encontra inserido nele. Mesmo que isso pareça covardia.

Cláudio, que teve seu nome trocado, assim como os demais personagens deste conto, casou novamente um ano após deixar a sua primeira mulher. Hoje possui uma empresa de consultoria na área contábil e vive feliz com sua atual esposa e filhos.

E você, o que faria no lugar do Cláudio?


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