As "refutações" da internete


Um cientista ou mesmo alguém alfabetizado cientificamente escreve um artigo com todas as citações embasadas por publicações cientificas. Não demora muito para aparecer outros artigos "refutando" o primeiro. Mas será que refutam mesmo?


O fato de apenas 5% da nossa população ser alfabetizada cientificamente deve significar alguma coisa. Basta uma publicação contrariando algum dogma, crença ou mesmo cultura que lá vem os "refutadores" com seus "argumentos" irrefutáveis. E os tais entendem de tudo. De evolução a história e arqueologia. Decidi acompanhar algumas dessas contestações.

Basicamente, as "refutações" são na verdade pregações apologética, sem nenhum embasamento cientifico. O cientista faz a citação com link para a publicação científica (indexada e com revisão de pares). O contestador desmente arrogantemente o cientista com argumentos próprios. E quando pretende provar suas alegações apenas citam referencias não cientificas, geralmente de apologistas da causa, jornalistas, religiosos ou outras fontes sem validade cientifica.

Temos um caso de um desses "especialistas" que refutou a TE (Teoria Sintética da Evolução) com um vídeo do You Tube. O atestado de analfabeto científico foi conferido ao tal Doutor quando ele pretendeu refutar que o homem não veio do macaco, coisa que a ciência nunca disse isso.

Outro pretenso especialista alegou refutar Einstein da mesma forma, com um vídeo. E quanto mais ignorantes, mais arrogantes, cheios de si. Devia ser proibido analfabetos falarem de ciência em meios de comunicação. 

Você não vai ficar mais inteligente se desinformando em vídeos do You Tube.

Agora a moda é defender a historicidade de Jesus. Não há nenhuma prova da existência do Jesus bíblico.  Por ignorância ou mesmo desonestidade intelectual, sempre confundem o Jesus histórico com o Jesus bíblico. Um não tem nada a ver com o outro e a existência ou inexistência de um não prova a existência ou inexistência do outro. Também não tem nada a ver com Deus existir ou não. Nesse campo, falácias básicas são cometidas por pessoas até de boa formação. O "prove que Deus não existe" é uma delas. Significa dizer que se o propositor anterior não conseguir provar que Saci Pererê não existe é porque ele existe. Também não se pode provar uma inexistência. A ausência de evidencia já é a prova da inexistência. E explicação extraordinária requer provas extraordinárias.       

Você não vai ficar mais inteligente se desinformando em publicações apologéticas. 

Tem até engenheiro dizendo que as máscaras para COVID-19 fazem mal à saúde porque acumulam dióxido de carbono. 

Reunir as provas e submeter os estudos a um indexador cientifico para ser aprovado na revisão de pares e provar as alegações ninguém quer, né? Mas isso não dá resultado. Publicar idiotices é bem mais fácil, promove muitos acessos e angaria muitos seguidores (só 95% da população brasileira). E ainda faz o ignorante ser aclamado pelo populacho como cientista e intelectual. Chego a pensar que o errado aqui sou eu.  

O mais interessante é que não existem Teorias Científicas contraditórias. Isso fere o próprio Método Científico (MC). Mas esses iluminados conseguem ver contradição e até contradizer. Novamente por ignorância ou desonestidade intelectual, confundem Teoria Científica com teoria popular. Teoria científica é o último grau de comprovação de uma premissa. Não tem mais mimimi. Exceto se refutada pelo MC, a Teoria Científica permanece válida em todo o mundo. 

Quando da inexistência de publicações cientificas, há necessidade de citações de fontes confiáveis ou de maior credibilidade, como sites do governo, páginas de universidades, livros de cientistas e outros reconhecidos pela comunidade científica. Em assunto de evolução, o que é mais confiável, a citação de um religioso ou a extraída de um livro escrito por um biólogo evolucionista reconhecido?

Outra coisa interessante é que esses refutadores, apesar de se mostrarem o cão chupando manga, nunca possuem Lattes, referencias científicas, citações em trabalhos científicos de outros cientistas, registros nas universidades, associações ou institutos de pesquisa onde alegam desenvolver ou ter desenvolvido pesquisa e muito menos publicações científicas. Descobri um doutor que possui formação em arqueologia bíblica realizada dentro de um seminário, no formato curso livre, sem nenhuma validade para os órgãos de controle.     

É triste ver pessoas bem formadas, inclusive mestres e doutores (geralmente das outras áreas), pregando essas besteiras e pagando mico em público. E os que mais pagam mico são (nessa ordem) religiosos, jornalistas, sociólogos e filósofos. Gostaria de cumprimentar o excelente psicólogo que conseguiu convencer os titulares dessas formações que eles entendem de tudo.

É nisso que dá substituir o ensino do Método Científico nas escolas por sociologia e filosofia. Paulo Freire? Alguém?



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