Relatos de experiências extraordinárias


Ouvi relatos de experiências extraordinárias é uma coisa. Vivenciar é outra completamente diferente.


É fácil desmentir ou atribuir a "impressão" ou "coisa da cabeça" quando o fenômeno não acontece com a gente. Nos idos dos anos 70, minha curiosidade sobre experiências extraordinárias foi aguçada ao ler o livro "Experiências psíquicas além da cortina de ferro". O livro foi escrito por duas jornalistas, mas na época eu ainda não tinha consciência do que era ser jornalista: vendedor de verdades espichadas ou de notícias aumentadas. O livro citado não apresenta nenhuma prova das alegações, sequer há referencias científicas ou oficiais, mas apenas relatos de supostas observações. Na verdade, é apenas um romance científico. 

Após o aguçamento da curiosidade, estudei parapsicologia nos poucos livros que existiam sobre o assunto nessa época. Logo descobrir que o problema da parapsicologia era não conseguir provar o seu objeto de estudo, que são os fenômenos paranormais. Muita explicação e pouca ou nenhuma prova. Não há experimentos. E quando questionados, recomendam mudar a apriorística científica para poder encaixar algo que não foi provado. Fica difícil aceitar suas proposições como verdadeiras, mas reconheço a importância de haver um ramo de estudo, de cunho científico, destinado ao estudo desses fenômenos. 

Apesar da parapsicologia ter sido reconhecida como ciência pela comunidade científica em 1953 (Em 29/07/1953 na cidade de Utrech - Holanda), ainda não conseguiu provar satisfatoriamente o seu objeto de estudo. Reconheço que os fenômenos paranormais são de difícil estudo, considerando a atemporalidade e ocasionalidade das suas ocorrências. Isso impede a realização de experimentos e observações. No entanto, estamos evoluindo e já há alguns meios para se estimular regiões cerebrais ao ponto de reproduzirem alguns desses fenômenos. E nesse contexto, a neurociência pode contribuir muito para elucidação desses fenômenos. Tanto a parapsicologia quanto a neurociência não reconhecem e nem consideram a existência de espíritos, anjos ou demônios intervindo na vinda das pessoas. O que não pode ser explicado (ainda), fica sem explicação. Muitos fenômenos antes inexplicáveis, atribuídos a entidades mágicas, hoje são perfeitamente explicados e controlados pela ciência.  E com os fenômenos ainda não explicados vai ser da mesma forma. Diante de um fenômeno ainda sem explicação, o comodismo religioso leva sua causa para o campo extraordinário (deus ou diabo). O Problema é que explicações extraordinárias requerem provas igualmente extraordinárias. E cada religião tem explicações diferentes e contraditórias. Significa dizer que para uma ser verdadeira a outra obrigatoriamente tem que ser falsa. É bem mais honesto dizer que não sabe ou que ainda não há explicação científica.

Outro problema é o analfabetismo científico dos parapsicólogos. Com apenas 5% da população brasileiras alfabetizada cientificamente, há grande possibilidade desses profissionais também serem analfabetos científicos. Essa deficiência atinge todas as escolas brasileiras e a de muitos países. A ciência tem sido relevada ao último plano entre as disciplinas. Difícil é encontrar profissionais alfabetizados cientificamente no Brasil. Basta dar uma olhada nas redes sociais. O que não falta são maus exemplos de analfabetismo científico nesses espaços, como a utilização de opiniões e falácias como se fossem argumentos, tentar refutar teoria cientifica com vídeos do Youtube e outras publicações sem validade, etc 

Em um desses estudos, eu e um colega ateu visitamos uma Mãe de Santo conhecida na região. Explicamos o motivo da nossa visita e ela nos recebeu muito bem. Uma das demonstrações foi provocar um peso enorme sobre nossos ombros simplesmente se concentrando ou entrando numa espécie de transe. Senti como se tivesse 2 sacos de cimento sobre meus ombros, empurrando todo o meu corpo para baixo. Como juntamente com o peso nos ombros também senti uma sensação de fraqueza nas pernas, por pouco não cai de joelhos. O colega ateu não suportou, caiu de joelhos e depois de buços, com a cara no chão. Foi tão forte nele que conseguia caminhar apenas de quatro e levou quase uma hora para consegui ficar de pé. Quando não estávamos mais suportando, a Mãe de Santo falou com uma voz estranha: "Agora qui ôcêis mim conhece, vou tirar esse pêso dos ombro d'ôcêis"[Sic]. Atrelado a isso, veio um mal estar que perdurou vários dias, mesmo após a cessação do peso nos ombros e da fraqueza nas pernas. Tontura, vontade de vomitar e perturbação mental foram os sintomas pós fenômeno mais fortes.  Alguns anos após essa ocorrência e, claro, mais preparado, visitei e provoquei outros Pais de Santo e outras Mães de Santo e eles não conseguiram repetir esses fenômenos comigo. O que fiz foi não deixar a minha mente aberta para eles, me preparei psicologicamente, concentrando na observação e registro do médium e do fenômeno, como se fosse um registro comum, sem o viés religioso ou supersticioso. No entanto, em dois deles (de cinco) conseguiram atingir as pessoas que me acompanhavam. Pode ter sido uma influencia psíquica forte, como nos casos de vampirismo psíquico ou influenciabilidade psíquica.

Há outros relatos percebidos em meus estudos, mas para o artigo não ficar muito extenso, vou limitar apenas a este, considerando que foi o único do qual participei como cobaia e de forma ativa. 

Evidentemente não podemos nos basear em filmes ou reportagens. Assim como jornalistas querem vender notícias sensacionalistas, produtoras de cinema querem vender ilusão. E para isso espicham a verdade até arrebentar o senso de ridículo. Filmes e reportagens, mesmo quando baseados em fatos reais,  nunca relatam os fatos como realmente aconteceram. Fica a dica.   


Muitos fenômenos atribuídos ao sobrenatural já foram explicados pela ciência. Na verdade não passam de fraudes e de fenômenos meramente psíquicos. A psiquiatria consegue explicar esses fenômenos até certo ponto. Digo até certo ponto considerando até onde é possível provar por meio de publicações científicas. A parapsicologia, apesar de mais avançada nesse estudos, tem dificuldade de apresentar provas, principalmente no tocante a produção de publicações científicas. Jesus, seguindo a cultura da época e da região, acreditava que doenças como cegueira, surdez, mudez e epilepsia eram causadas por espíritos imundos. Hoje sabemos a causa. Muitos desses fenômenos, mesmo os que ainda não possuem uma explicação completa, já podem ser repetidos em laboratório com estímulos de determinadas regiões do cérebro (inclusive com ateus). O que sabemos é que os fenômenos psíquicos utilizam o que está mais latente no cérebro. E por esse motivo sempre se manifestam conforme o contexto cultural e religioso do energúmeno. A histeria nunca ocorre fora desse contexto. Por isso um histérico religioso de uma igreja evangélica renovada nunca vai externar "Dr. Fritz". Do mesmo modo, um espírita nunca vai "falar a língua dos anjos". O certo é que como ocorreu com todos os outros fenômenos anteriormente inexplicáveis, o citado acima do qual participei, também futuramente será completamente explicado e a causa revelada. Nesse contexto, a neurociência tem muito a contribuir. A mente humana é enganadora e influenciável. Aliás, depois que inventaram celulares com câmera os fenômenos paranormais de efeito visual e sonoro, até então abundantes, desapareceram. Restaram apenas os traiçoeiros e pouco confiáveis fenômenos de efeito sentimental. Por que será?



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