É tempo de ajudar quem precisa ou só quem quer ser ajudado?


Injustiça consigo mesmo é tentar ajudar quem NÃO quer ser ajudado, mas...

Eu sou totalmente contra ajudar quem não quer ser ajudado. Todos os programas sociais dos governos estaduais e municipais sempre são voltados para quem é bandido e maconheiro. É preciso cometer algum crime para ter acesso a algum programa social do governo. Por que não há programas sociais para gente decente? O miserável tira as melhores notas na escola, trabalha, estuda e nunca é reconhecido pelo seu esforço. Uma inversão de valores injusta e mau-caratista. 

Nos idos da década de 70, quando tinha 16, fui convencido por um colega de classe que era evangélico a participar de um programa social da igreja dele. A igreja distribuía cestas básicas numa das favelas mais miseráveis daqui do Recife. Se hoje ainda é miserável, imagina naquela época. Eu era quase tão miserável quanto essa comunidade, mas fiquei tão entusiasmado com o programa social que peguei minhas suadas economias e doei para a igreja. No dia marcado (um sábado), fomos até um ponto estratégico na favela. Com uma camiseta tipo colete por cima da roupa habitual estampando a frase "Só Jesus salva", iniciamos os trabalhos de caridade. O pastor e sua equipe iam na frente visitando os barracos. Primeiro faziam pregações, cantavam hinos e oravam. Só depois éramos autorizados a entregar as cestas básicas nos barracos. As cestas ficavam em um caminhão pequeno, tipo baú. Em um dos barracos encontramos uma senhora e suas quatro filhas de 13, 14, 15 e 16. A de 13 tinha um filho e já estava grávida. A de 14 tinha dois filhos. A de 15, um filho. E a de 16 quatro filhos e também já estava grávida. Um total de oito crianças e 13 pessoas  num barraco quente de zinco e compensado, com piso de terra batida que quando pisava a água cobria os pés. Perguntei pelos pais das crianças. A matriarca falou que as filhas não sabiam quem eram os pais das crianças porque sempre participavam de orgias sexuais quando estavam emaconhadas. Foi naquele momento que entendi que não havia nascido para fazer esse tipo de caridade. Na hora a razão assumiu o seu devido lugar em minha mente e pensei:

"Pôxa! Isso não é justo. Tenho 16 e ainda sou virgem. Nunca tive sequer uma namorada. Sou quase tão miserável quanto elas, mas sempre estudei e trabalho desde os 12. Doei todas as minhas suadas economias para isso? Para elas ficarem fumando maconha e fazendo orgias sexuais com o meu suor?

Me senti um otário e na hora me dirigi ao pastor, entreguei a camiseta de "Só Jesus Salva", disse que ia embora e não queria mais participar daquilo. O pastor apenas pegou a camiseta, jogou dentro do carro e disse: "tá".

Mas e as crianças? Se as mães não se sentem culpadas e nem são punidas pelo mal que causam aos próprios filhos, imagina eu. Por que devo me preocupar? Deveria? E a injustiça comigo? É para aceitar? E os impostos exorbitantes que pago? E os mesmos políticos que nunca cumprem as suas obrigações sociais e mesmo assim continuam sendo eleitos pelos próprios oprimidos? O povo é ignorante e não sabe o que faz? Só não é ignorante para fazer menino? Esse papo insulta a minha inteligência.

Hoje já penso um pouco diferente, mas apenas quando há inocentes na história. Inocente é inocente qualquer que seja a circunstancia. Ainda estamos em pandemia e continuo ajudando, mas sem me envolver. Dedico dez por cento do lucro líquido da minha empresa para ajudar algumas entidades beneficentes. E ajudo porque sei que nem todos os miseráveis buscaram ser miseráveis. Quem procura acha e quem busca piorar a sua situação um dia consegue. Lembro dos bem-nascidos e com saúde que desperdiçam todas as oportunidades para serem favelados, doentes e drogados. Se eu fosse ajudar diretamente iria escolher quem ajudar. Admiro quem tem o dom da caridade, mas não nasci para isso. E toda vez que invento de me envolver diretamente acabo parando de ajudar. Mas quero convocar a todos que tem condições de ajudar a participar de alguma forma. O mundo precisa muito de caridade e não podemos correr o risco de cometer injustiças.  

 

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