Ideologias toscas também na seleção de trabalhadores
Numa das empresas em que presto consultoria, solicitei ao setor de recrutamento e seleção a contratação de um profissional para execução da gestão da carteira que sou titular. Para isso, indiquei um profissional que trabalhou comigo durante dez anos. Mas as psicólogas do recrutamento e seleção não o aprovaram. Concluída a seleção, enviaram para mim a documentação do contemplado (outro candidato). Traduzindo, a justificativa para a reprovação do meu candidato foi que o mesmo apresentou tendências machistas e não politicamente idiotas. Segundo elas, isso é indicativo de dificuldade de aceitação das normas da empresa e de adaptação ao ambiente laboral. Devolvi a documentação e exigi a contratação do meu candidato, explicando que já o conhecia profissionalmente e não precisava fazer seleção. Meu candidato está na empresa há cinco anos.
Algum cabecinha inventou que psicólogo tem capacidade para selecionar profissionais e as bestas acreditaram. O psicólogo é importante como apoio, na identificação e gradação de problemas psicológicos que possam interferir nas relações de trabalho. Problemas esses, que eu identifico apenas com uma conversa de meia hora. A gradação fica por conta das psicólogas do setor de recrutamento e seleção, já que é evidente a dificuldade que possuem em identificar esses problemas. Numa outra empresa contrataram um canhoto para realizar uma operação precisa com a mão direita. Psicólogo que trabalha com recrutamento e seleção de trabalhadores obrigatoriamente deve ser psicólogo do trabalho e visitar os locais de trabalho. Só quem não sabe disso são os profissionais de psicologia e os empregadores que os contratam. Os profissionais devem ser avaliados pelo desempenho profissional teórico e prático. A psicologia deve apenas avaliar se há algum problema psicológico que possa comprometer esse desempenho. É só isso, empregadores.
As organizações estão perdendo muitos profissionais excelentes por causa dessas seleções realizadas por psicólogas. Colocar o patrimônio intelectual da organização nas mãos de umas patricinhas sem noção e ainda contaminadas por ideologias toscas, é suicídio. Lembro de um excelente médico que foi reprovado porque se recusou a sentar no colo do outro durante a dinâmica de grupo integrante da seleção.
A contaminação dos profissionais por ideologias toscas é evidente. E para seguir o viés ideológico em que acreditam fazem de tudo. Passam vergonha, pagam mico, anulam a razão e até arriscam a própria reputação profissional. É uma coisa triste.