Pérolas do saber - Desvendando os mistérios da floresta encantada


 
Encantamento é aquele momento mágico, alucinante, que deixamos de respirar e sentir o chão, onde tudo acontece em câmara lenta. Um momento onde tudo para, flutuamos, entramos em êxtase, perdemos o controle dos nossos sentidos e a visão periférica apaga para focarmos apenas no encanto. 


A floresta encantada é um desses encantamentos, ainda encanta muita gente e vai continuar encantando enquanto existir floresta.

Zé vivia nos confins do mundo, onde Judas perdeu as botas, no interior de uma mata localizada no distrito de Belo Jardim, próximo a um local chamado Vila Raiz. Analfabeto como os demais membros da família, Zé morava em um casebre de taipa de três vãos, com os pais e três irmãs. Uma casinha típica do sertão nordestino, de taipa, coberta por telhas de argila, com uma porta e uma janela de madeira bruta na frente, janelas nos lados e porta nos fundos. A casa ficava sobre um elevado aterrado, com aquelas calçadas elevadas na frente da casa. Na época não havia energia elétrica no local, com meia dúzia de casas de pau a pique (foto do local abaixo).


Ao final de uma quente e ensolarada tarde de verão, ainda com os raios de sol refletindo nas folhagens, Zé foi buscar lenha seca na mata para preparar o jantar. Sua mãe estava sentada na calçada elevada em frente a casa. Daí a pouco a senhora de 60 anos vê o filho de 27 andando lentamente de costas, extasiado, perplexo e com um vibrante brilho estranho na parte frontal do corpo. Zé estava duro de medo, aterrorizado com o que via, mal conseguia dá um passo após outro para trás, na tentativa de se afastar do estranho, intrigante e desconhecido fenômeno.

Mas o que Zé viu de tão aterrador?

Uma das árvores gigantes e quase sem folhas da densa floresta começou a emitir luzes multicoloridas, como se fosse uma árvore de natal ou um show pirotécnico. Um mistério intrigante onde a árvore parecia queimar, mas não se consumia (já vi essa história antes). Na penumbra vespertina, agravada pela densa folhagem, o fenômeno ficava ainda mais visível e aterrorizante. Um espetáculo de luzes que brotavam da árvore e coloria todo o ambiente em sua volta. Os lampejo refletiam nas superfícies das folhas, chão e troncos, cuja sobreposição eletromagnética de múltiplos comprimentos de onda tornava o fenômeno ainda mais intrigante, produzindo uma aura de mistério que tomava a atmosfera. Uma brisa fria soprava, seguida do ranger dos galhos e do farfalhar das folhas.

Mas o que realmente aconteceu? O que o Zé realmente presenciou?

Há duas hipóteses. A primeira se chama "Fogo de santelmo". A segunda pode ser relacionada a determinadas árvores que liberam uma seiva inflamável. Com o atrito entre os galhos a seiva se inflama e produz luzes coloridas. No entanto, em função da volatilidade da seiva, velocidade de combustão e baixo ponto de fulgor em relação aos demais materiais combustíveis do local, apenas a seiva se inflama, sem gerar um incêndio. O calor gerado pelo atrito entre os galhos é suficiente para atingir a temperatura de fulgor da seiva, mas não é suficiente para atingir as temperaturas de combustão e ignição. Temperatura de fulgor é a temperatura mínima em que uma substancia combustível começa a liberar vapores que em contato com uma fonte externa de calor se incendeia, mas não se mantem a chama. Por isso ocorrem os lampejos, com luzes acendendo e apagando. O colorido das luzes é devido aos sais minerais presentes na seiva.

Mas e o Fogo de santelmo?  

Segundo a Wikipédia, "o fogo de santelmo é uma descarga eletroluminescente provocada pela ionização do ar num forte campo elétrico provocado pelas descargas elétricas. Mesmo sendo chamado de fogo, é na realidade um tipo de plasma[1] provocado por uma enorme diferença de potencial atmosférica.[2] Fisicamente, é um resplendor brilhante branco-azulado ou nas cores azul ou violeta (depende do tipo de gás que é ionizado) que, em algumas circunstâncias, tem aspecto de fogo de faísca dupla ou tripla, que surge em estruturas altas e pontiagudas como mastros, cruzes de igreja, chaminés ou na fuselagem e nas pontas das asas de aviões.[2] O fogo de santelmo se observa com frequência nos mastros dos barcos durante as tormentas elétricas no mar, podendo alterar uma bússola se a embarcação não tiver a devida proteção. Também se dá em aviões e dirigíveis. Nestes últimos, era muito perigoso, já que muitos deles eram inflados com hidrogênio, gás muito inflamável.[2] O fenômeno deve o seu nome a São Pedro Gonçalves Telmo ou a Santo Erasmo (também conhecido como Santo Elmo ou São Telmo), santos padroeiros dos marinheiros, mareantes e barqueiros, que haviam observado o fenômeno desde a antiguidade, e acreditavam que a sua aparição era um sinal propício e que acalmava a tempestade.[1][3]

Esses fenômenos são mais comuns em árvores secas, sem folhagens, e em dias quentes e secos de verão. 

Não é muito racional e inteligente atribuir fenômenos desconhecidos ao sobrenatural. Enquanto crédulos se contentam com uma explicação rasteira, simplista e burra, racionais vão em busca das respostas e sempre encontram. A floresta encantada é mais um encantamento da natureza, como tantos outros que existem. 



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