Crente que conta vantagem dá mau testemunho

Corre a ideologia em algumas igrejas evangélicas de que o crente é abençoado por Jesus e deve sempre mostrar para todo mundo que está muito bem, obrigado. E está bem porque é abençoado.

Pior, passam a ideia de que quem não é crente não está bem. Não admitem que quem não acredita em Jesus seja abençoado. Para esse tipo de crente, se não segue o Jesus dele é amaldiçoado, infeliz, miserável e tudo que não presta. Mas a vida real mostrar que não é bem assim. 

Primeiro porque Jesus tem múltiplas faces. Se numa igreja manda guardar o sábado, na outra diz que não é para guardar nada. Se noutra diz que é para as mulheres usarem o véu e os machos tacarem beijos uns nos outros, na outra condena. Ainda tem outra que não toma sangue, mas come carne, como se fosse possível retirar o sangue da carne. Resta saber até quantos miligramas de sangue não é pecado comer. Ah! Também temos as igrejas renovadas, onde o próprio espirito santo se contradiz dentro das mesmas renovadas, mas de denominações diferentes.      

E como a maioria é pobre de Jó, não tem como ostentar bens de valor, vivem contando vantagens a torto e a direita. Desse modo, o barraco vira mansão, a mulher princesa, os filhos uns príncipes e a vida um paraíso de amor, felicidade e bem-aventuranças. Há uma profunda necessidade de mostrar que não estão perdendo tempo, dinheiro, energia e nem são otários sendo crentes em Jesus. Que do lado de cá (deles) é tudo uma maravilha. No entanto, as roupas, os cabelos, os dentes e até a pele denunciam a precariedade em que vivem. Em vez de pagar dízimos deveriam comer dos dízimos. Como manda a Bíblia.  

Lembra daquele comercial que passava de uma certa igreja evangélica milagreira? Esse comercial iniciava com uma certa Dona Fulana empurrando uma carroça de recicláveis (papel, papelão, latas, metais, etc) seguido de uma mensagem apelativa:

"Dona Fulana era pobre de Jó. Vivia pelas ruas catando latinhas e tudo que pudesse render algum dinheiro para comprar comida e alimentar seus 4 filhos. Passando em frente a igreja tal, Dona Fulana deu o seu tudo para Jesus: 1 Real que tinha no bolso. Hoje Dona Fulana tem um uma mansão, um carro de luxo, um navio, um avião..." E aí mostra Dona Fulana bem vestida, bem maquiada e penteada, numa casa grande e com um carro na sala.

Lembram?

Na verdade, a ideologia conhecida como teologia da prosperidade nunca funcionou. Sai da pobreza quem tem capacidade e competência para aproveitar as oportunidades e não porque Jesus deu de mão beijada. Do contrário, não tínhamos crentes miseráveis.  É como diz o Silvio Santos: "Devemos pedir a Deus apenas saúde. O resto a gente consegue". 

Nem o púlpito escapa da contação de vantagens. Sempre espicham um pouco a verdade quando dão testemunho de bênçãos e milagres. Quando se trata de curas, os pacientes sempre estão desenganados pelos médicos, mesmo para doenças que têm cura, como a lepra. Há os que pegam fake news na internet e inserem na pregação, como se fosse verdade. E quando Deus fala com ele...Iiiiih! Isso é pecado, hein irmão? 

A Faculdade de Farmácia e Odontologia do Recife, cujo diretor era o Dr. Oscar Coutinho (que deu nome ao edifício) e que funcionava no prédio ao lado do atual IMIP, em Recife, tinha uma frase interessante que colocava nos diplomas do seus formandos: "Ensinai mais pelo exemplo do que pela doutrina". Esses crentes deveriam seguir esse exemplo, sem precisar falar nada. Esquecem que estão dando mau testemunho. Não estão convencendo ninguém com esse papo de bem sucedido e feliz. Aliás, em vez das igrejas ficarem fomentando essa besteira, seria mais inteligente se capacitassem e oferecessem oportunidades aos fiéis. Se os fiéis estão bem de bolso, o pastor também está. Pois, não?   

Imagem que abre o artigo: Imagem de Waldryano por Pixabay

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