Coisas Que (des)aprendi nas redes sociais

Depois do Youtube, o Facebook é sem dúvida a mídia mais desinformante que existe. E quando profissionais utilizam suas informações de forma profissional o prejuízo é certo.

O fato é que muitas pessoas (e profissionais) adoram ser enganadas e ainda odeiam ciência.  Alguns são analfabetos científicos por opção, quando conseguem anular toda lógica e razão para acreditarem em insanidades (não me perguntem como).

Se algum matemático realizar um estudo estatístico a respeito da veracidade das informações veiculadas no Facebook, certamente irá constatar que 90% das informações são mentiras e os outros 10% restantes são inverdades.

Os constantes insultos á inteligência de quem pensa culminaram na saída de muitas pessoas dessa rede. Alguns deletaram seus perfis por completo e de forma definitiva e irrevogável.

As insanidades veiculadas são tantas que chegam a dar nó em cérebros com mais de dois neurônios. Foi no Facebook que desaprendi que homeopatia, terapia de cristais, colchões magnéticos e outras bobagens funcionam. Também desaprendi que jogar ovos no para brisa do carro obstrui a visão do motorista, ligar o carro exposto ao sol causa câncer, abrir um bilhete  de um desconhecido pode me deixar “noiado”, o professor é o único profissional que não se curva para o imperador no Japão, esculachar políticos nas redes sociais acaba com a corrupção, posso ganhar milhões participando de "correntes" ou ganhar muito dinheiro trabalhando em casa nas horas de folga,  Saci Pererê existe e eu não preciso mais batalhar pela vida porque Jesus resolve todos os meus problemas. Pior que a entrada dessas insanidades no LinkedIn está influenciando também o mundo corporativo.

Algumas dessas pérolas Facebookeanas:

  • Médico especialista de Harvard que é “o cão chupando manga” diz que refrigerante é um veneno porque aumenta a alcalinidade do sangue

Mas não conseguiu publicar este artigo em nenhum indexador. Por que será? Procurei nos principais indexadores científicos do mundo e não encontrei nada. Nenhum artigo deste autor foi publicado em indexadores científicos (Super[des]interessante, site próprio e mídia jornalística, não vale). Publicar livros qualquer um que disponha de alguns reais e tempo disponível publica. O tal fala que é médico, mas esquece de dizer que nosso tecido sanguíneo possui uma coisa chamada “solução tampão”. Independente do que tomarmos (seja alcalino ou ácido) o sangue conseguirá manter o pH estável (nas proporções dos refrigerantes, claro);

  • Microcefalia é causada por vacinas vencidas

Mesmo havendo artigo indexado provando que os casos de microcefalia estudados foram causados pelo Zika vírus.

  • Tomar o próprio sangue (auto-hemoterapia) nos protege de todas as doenças porque está na bíblia.

Não há nenhum artigo indexado sobre isso. Eles alegam que é porque a indústria farmacêutica que ganha milhões com a venda de medicamentos não deixa. Mas esqueceram de dizer que a revisão de pares é independente e é impossível comprar todos os cientistas do mundo. Conseguiram a descoberta do século, mas são muito humildes para não aceitarem o Nobel de medicina junto com alguns milhões. Quanto a alegação de haver algo parecido na bíblia, não podemos esquecer que a bíblia é um livro religioso e cada um interpreta da forma que quer, conforme seus interesses. Também cita que morcegos são aves, insetos têm quatro patas, ouro enferruja, coelhos ruminam, mostarda é a menor semente do mundo, surdez e mudez são causadas por espíritos imundos e o numero PI é 3.

  • Fosfoetanolamina é remédio para câncer

Também não há nenhum artigo indexado que comprove isso. Pelo contrário, há artigos científicos que comprovam que houve aumento do tumor por causa dessa substância. Mais uma vez a indústria farmacêutica levou a culpa.

Mais triste ainda é ver “personalidades” (cantores de músicas porcarias, atores e outros do gênero) defenderem essas idiotices e um bando de acéfalos concordando. Lembram do avião que caiu com meia dúzia de cientistas que pesquisavam a cura a AIDS? Pois é, foi um grande complô mundial para reduzir a população do mundo através da AIDS. Como se mantando meia dúzia de cientistas as pesquisas fossem encerradas. Além do mais, ninguém hoje em dia morre de AIDS. Tem também um Zé que sonhou que um avião ia cair e alguns executivos manés cancelaram seus compromissos, causando prejuízos para as empresas (soube até de um caso de demissão por causa disso).

Refrescando a memória, o método científico funciona assim:

Qualquer pesquisador que se preze e preste para alguma coisa, após concluir sua pesquisa submete a mesma a banca revisora da sua universidade ou a um indexador qualquer (Scielo, Nature, Lancet, etc). O indexador por sua vez chama a revisão de pares (geralmente Doutores e Phd) formada por no mínimo três especialistas, dependendo da complexidade do trabalho, para revisarem o documento. Os revisores podem solicitar provas, corrigir, ajustar ou mesmo reprovar por completo o trabalho. Detalhe é que os revisores não sabem de quem é o trabalho em revisão. Caso seja aprovado, será publicado e vira periódico científico, para ser submetido a revisões por cientistas de todo o mundo. Caso não seja refutado, permanecerá no indexador e todos os demais trabalhos contrários serão excluídos. Mas a indústria farmacêutica comprou todos os cientistas do mundo, mesmo sem saber quem são eles.

Mais assustador ainda é que são informações desse quilate que estão sendo “aproveitadas” por alguns profissionais, prejudicando empresas e pessoas. Numa determinada empresa um gestor passou uma falsa informação sobre um feriado. Outro comprou toneladas de um produto mais barato que não possuía as características físico-químicas necessárias ao processo produtivo, e assim por diante. São os profissionais do Facebook.

Pode ter certeza que todo e-mail do tipo “repassando” são hoaxes. A credulidade das pessoas é assustadora porque extrapola para família, pessoas e empresas. Antes de aceitar alguma informação como verdadeira, procure saber nome, título, trabalhos indexados e Lattes do autor. Se é doutor “não sei das quantas” tem que ter artigos publicados na página da universidade em que trabalha ou em algum indexador científico. Verifique as fontes onde os trabalhos foram publicados. Se não está na ciência é mentira e não está no mundo, mas apenas na cabeça oca de gente que não pensa. Se não há publicação científica é porque é mentira. Portanto,  mostre-me antes os papers. Sem paper não tem conversa.

Profissionais confiáveis comprovam a veracidade das informações em fontes acreditadas (legislação, indexadores científicos, periódicos de universidades, etc) antes de repassar ou fazer uso dela. Pense nisso.

 

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