As três Teresas


Você prefere Teca, Teresa, Teresinha ou Nenhuma? Essa pergunta maliciosa é feita aos abestalhados das regiões interioranas do nordeste. A pergunta é feita de forma simultânea com demonstrações das medidas representando tamanhos de pênis, sendo: indicador (Teca), da ponta do indicador ao punho (Teresa), da ponta do indicador ao cotovelo (Teresinha) e da ponta da indicador ao ombro (Nenhuma).  


As três Teresas, que tem uma quarta oculta (Nenhuma), eram primas, morenas cor de canela, bonitas, cabelos longos escorridos, pernas grossas, bundas grandes empinadas, cinturas finas, simpáticas e muito atraentes. Teca (Têca) era a de menor estatura (22), Teresa (20) a de estatura média e Teresinha (24) a mais alta , bonita e gostosa. E Nenhuma..., bem, você vai descobrir. Claro que todos os homens da cidade davam logo em cima da Teresinha. E quando não dava certo, corriam para as outras. Há um ditado aqui no nordeste que diz que toda Teresinha é puta. Bem..., vejamos.  

Na década de 80, as maiores empregadoras eram as empreiteiras que prestavam serviços para o Governo Federal, contratadas para realizar obras de estações de energia elétrica e de barragens. Como pagavam bem, os trabalhadores ascendiam socialmente muito rápido, pelo menos enquanto durava a obra (de cinco a dez anos). Os mais disciplinados conseguiam juntar dinheiro o suficiente para abrir seu próprio negócio e nunca mais trabalhar como empregado. No quadro dessas empreiteiras havia o pessoal efetivo, fichados na sede da empresa e não na obra. Esse pessoal era a elite da empresa e ficava rodando obras conforme a necessidade. Tinham salários e benefícios melhores que os da obra. 

Os maiores problemas dessas obras eram as tentações, principalmente as diabolheres, que minguavam os planos de qualquer um. Como as obras sempre eram realizadas nos interiores dos Estados, longe das capitais e próximas a cidadezinhas com dez ou vinte mil habitantes, os trabalhadores (geralmente de fora), viravam ricos e lindos do dia para noite. As mulheres da cidade abriam um sorriso de orelha a orelha quando viam alguém de fora. Na cabeça delas, os funcionários das empreiteiras que não fossem do campo (peões), ganhavam bem e eram bons partidos. Naquela época as mulheres, mesmo putas, tinham peles limpinhas, macias, aveludadas e desejadas. Não tinham manchas horríveis de tatuagens e nem grampos nojentos enfiados na carne. Mas nem tudo eram flores. Os funcionários precisavam lidar com os assédios e as explorações. Os preços disparavam para quem tinha cara e sotaque diferente dos nativos. Na prática, a inflação local passava dos mil por cento. 

E foi nesse contexto que chegaram na cidade os técnicos (nomes fictícios) Ênio (27) e Jorge (26). Transferidos de outras obras, os técnicos eram bons profissionais e muito solicitados pelas obras. Nessa época as três Teresas já eram famosas por serem vigaristas e especialistas em enganar homens, principalmente novatos na cidade. E os veteranos da república logo tratavam de fazer uma estimulante propaganda das Teresas. Falavam tudo sobre elas exceto, a parte ruim. Ênio e Jorge eram nascidos e criados em fazendas e sítios das regiões interioranas dos seus Estados naturais. Acostumados a lidar com touros, bodes e cavalos brabos, eram valentes e não tinham medo de nada. Muito menos de mulheres. Também eram adeptos da ideologia de que "não existe mulher vigarista, mas homem babaca". O salário e os benefícios eram excelentes. Claro, logo no primeiro dia de trabalho, os veteranos fizeram a propaganda das Teresas aos novatos, marcando as apresentações para a sexta-feira próxima, após o expediente. Os atributos das Teresas foram exaustivamente reforçados durante toda a semana. O objetivo era aguçar a curiosidade e o tesão dos novos membros do grupo.

Na sexta-feira esperada, lá estavam Ênio e Jorge em uma mesa de bar de esquina. Era o point da cidade frequentado maciçamente pelo pessoal da obra. Um barzinho de esquina localizado na avenida principal, onde as mesas eram postas na calçada e até em parte da rua. Da república onde ficavam os funcionários dava para ver toda a movimentação do bar. Final de semana esse barzinho ficava cheio. Faltava mesa para tantos clientes. 

Acompanhados por dois veteranos sacanas, Ênio e Jorge mal esperavam o momento de conhecer as gostosas da cidade. Cerveja vai, cerveja vem, chegam as Teresas. Ênio, o mais esperto, percebeu um certo sorriso sarcástico no rosto de alguns frequentadores do bar. Feitas as apresentações, os dois veteranos alegaram que iam falar com umas gatinhas na esquina e que já voltavam. Na verdade, saíram de fininho e deixaram as Teresas e a comanda com os dois novatos. As Teresas mais pareciam dragas. Pediam de tudo que tinha no bar. Também bebiam que nem esponjas. Com algumas migalhas de carinho, beijinhos e alisadas de pernas, as Teresas iam consumindo e estourando a conta. Ênio insistia em sair do bar e ir para outro local melhor para "conversar". Mas as meninas resistiam e diziam que "daqui a pouco a gente vai".  Lá para tantas, com Ênio e Jorge já para lá de Bagdá com tanta cachaça, para um carro conversível em frente ao bar e dar duas buzinadas. As meninas endoidam: "Ei, é Paulinho, bora, bora...". Paulinho era o gostosão da cidade. Filho de pais ricos, Paulinho era playboy experiente e sabia lidar com as meninas. Sabendo que eram putas, as tratavam como tal e sem ilusões. As meninas sabiam que eram putas do Paulinho, mas gostavam de andar em carros caros, ganhar presentes, viajar e de frequentar bons motéis e restaurantes. As meninas deram um tchauzinho aos dois manés e pularam no carro do Paulinho, que arrancou soprando uma nuvem de poeira na cara dos dois. A zuação no bar foi enorme. Chegou-se a ouvir um "-Eeeeeeeeeeeeeê! Mais dois babacas". Logo seguiu-se um coro constrangedor: "-Uh! Uh! É babacudôoo! -Uh! Uh! É babacudôoo!". Quando acaba, um gaiato grita de lá: "-De novo...". Mas o dono do bar, percebendo o grande constrangimento dos dois, diz: "-Tá bom pessoal, tá bom". E eles param. Morrendo de vergonha, os dois baixaram as cabeças. Diziam apenas "É foda! É foda!". Respirando fundo, Ênio criou coragem e chamou o garçom para pedir a conta. Quando o garçom apresentou a conta, as vítima puderam perceber os olhares e os sorrisos de deboche dos frequentadores nas mesas vizinhas. O garçom tentou amenizar a situação dizendo: "-Ômi, essas rapariga são acostumada a fazer isso. São famosa aqui por fazer isso. Eu até que tentei avisar a vocês, mas não deu. Desculpa aí, véi" [Sic]. A conta foi exorbitante. Tiveram que raspar o apurado da semana e juntar com o dinheiro que haviam trazido para poder cobrir as despesas iniciais. Agora outra parte difícil: se levantar da mesa e caminhar entre as mesas sob sorrisos e olhares de "babacas". Mas qualquer coisa era melhor que ficar ali. Se tivesse um buraco no chão, teriam enfiado suas cabeças e se escondido que nem avestruz.  Ficaram com "Nenhuma", a maior, mais dura e mais grossa de todas. Depois tomaram conhecimento que o dono do bar adorava as meninas e que elas tinham até uma cota grátis de bebidas e petiscos.  

Ênio e Jorge, ainda envergonhados com o vexame sofrido, passaram o final de semana presos na república e sob a zuação dos colegas. Na segunda-feira até precisaram de um vale (adiantamento de salário) para cobrir as despesas. "-Isso não pode ficar assim", diziam as vítimas. E planejavam uma vingança.

Ênio e Jorge maquinaram então uma vingança. Se fosse na era da lei Maria da Penha, certamente essas meninas teriam sido mortas por algumas das vítimas. Essa lei aumentou o número de assassinato de mulheres, principalmente mulheres desse tipo. Mas como todo mundo sabe o motivo e prefere fingir que é por causa do machismo, não vou perder meu tempo explicando. Alguns meses atrás uma vítima havia dado uma surra com o cinto em uma das Teresas em plena via pública. Teve que sair as pressas da cidade. As Teresas tinham parentes de má fama e até temidos pela população.

Nessa época o presidente do Brasil era ele, "El comandante", que dizer, General Figueiredo. O Brasil seguia sob o saudoso regime militar. Bons tempos aqueles.  

Ênio não tinha habilitação, mas Jorge sim. Na sexta-feira, foram a cidade vizinha e locaram um Opala quatro portas. Tiveram que deixar um cheque calção quase no mesmo valor do carro. Na sexta-feira à noite, ficaram rondando a cidade quando encontraram as Teresas. Disseram que adoraram ter ficado com elas, mas que ficaram um pouco chateados porque elas os abandonou. Perguntaram para onde elas queriam ir naquela noite. Disseram que era para a Lagoinha. Lagoinha era o nome de um bar que ficava à beira de uma lagoa fora da cidade, a uns 3 Km. Os meninos toparam na hora e gentilmente abriram as portas do Opala para que entrassem. De pronto, ofereceram a bebida preferida delas (Martini). No Opala havia isopor, gelo, taças, tudo pronto para servir. Enquanto Jorge dirigia o Ênio servia as bebidas. Ênio e Jorge pegaram cervejas, que era "bebida de cabra macho". Em alguns minutos as meninas estavam grogues. Ênio havia misturado Rohypnol na bebida. Saindo da estrada de terra e adentrando a mata, chegaram em uma cabana de caçador que havia no meio do mato. A cabana era uma barraco com apenas um vão, com piso de terra batida, paredes em madeira e coberta em  telhas de barro. Essa construção foi erguida por caçadores esportivos para servir de abrigo. A porta da cabana estava escorada por um galho seco, mas era possível abrir pelo lado de fora. Lá, deixaram as meninas deitadas em tábuas sobre o chão e totalmente nuas, apenas com as joias, os sapatos e as bolsas. As roupas foram jogadas em cima da cabana. Não fizeram nada com elas, apenas a despiram e as deixaram lá. Não eram estupradores e nem bandidos, apenas queriam aplicar a lei de Moisés (olho por olho e dente por dente), fazendo com que provassem um pouco do próprio veneno (se bem que o Ênio aproveitou para tirar umas casquinhas de leve). Antes de sair fecharam novamente a porta, escorando com o galho seco. O objetivo era proteger as meninas dos animais. Feito isso, passaram na obra, deixaram o Opala e foram à pé para a república degustar a vingança.

A república ficava em um primeiro andar, sobre uma loja térreo. Na verdade, a republica consistia em um conjunto de salas comerciais enfileiradas que serviam de quartos. Em frente as salas havia uma área tipo varanda, com uma mureta de parapeito no perímetro frontal e lateral direito. O acesso se dava por meio de uma escada ao fundo do prédio. A proteção era feita por uma grade com fechadura, instalada no térreo. A localização do prédio era privilegiada porque dava para a avenida principal da cidade, onde todos eram obrigados a passar. Da varanda era possível ver toda a avenida e as principais movimentações da cidade. A frente e o lado direito, compreendidos pela varanda, davam para as ruas, considerando que o prédio ficava numa esquina. Já o lado do fundo das salas (lado esquerdo para quem vê de frente) dava para as Casas Pernambucanas. Naquela época não havia lugar tão distante que não tivesse Casas Pernambucanas.

Na manhã do sábado, por volta das cinco da manhã, os habitantes da república acordaram com os gritos da população. Era sábado e os comerciantes chegavam cedo para armar barracas e abastecer os boxes e as lojas com mercadorias. Aos gritos de "-Eeeeeeeeeeê! Olha as putas!" Ênio, Jorge e colegas puderam ver da varanda as três Teresas correndo nuas pela avenida. O objetivo delas era chegar na casa do familiar mais próximo. Uma multidão correu para apreciar o espetáculo, acompanhando as nudistas até a casa. As meninas, com suas peles arranhadas pela vegetação, bateram com força na porta, que se abriu rapidamente e elas entraram. A porta foi fechada novamente, mas a multidão permaneceu em frente a casa para ver se viam mais alguma coisa interessante. Na verdade a plateia de homens raivosos era formada pelos que não conseguiram comer nenhuma delas. A rejeição das mulheres bonitas aos homens pobres da cidade era grande. Os homens pobres deviam se contentar com as feias ou morrer solteiros. "-O que aconteceu?" Perguntou Ênio a Jorge. "-Elas não viram as roupas no telhado?"

Ênio e Jorge ainda estavam comentando sobre o ocorrido com os colegas de trabalho quando ouviu gritos de "cabra safado", "filhos da puta", "vou matar os dois". Com espingardas, facões e porretes, os familiares das meninas tentavam arrombar a grade e adentrar o recinto. Rapidamente, Ênio e Jorge enfiaram o que puderam dentro das malas e pularam uma pequena janela lateral, caindo sobre a coberta das Casas Pernambucanas. Daí escorregaram na coberta e caíram na rua de trás. Conseguiram correr e mais adiante pegaram um taxi até a obra. Na obra, colocaram as malas no Opala e dirigiram até a cidade vizinha, onde haviam locado o veículo. Hospedados em um hotel, conseguiram um local bem escondido para estacionar o Opala. 

Na segunda-feira, após a quarentena do domingo, Ênio e Jorge devolveram o veículo a locadora e tomaram um ônibus para a capital, onde a empresa possuía um escritório regional. Lá, solicitaram transferência para outro Estado.


Foi assim que Ênio e Jorge se vingaram das três Teresas. Seja Teca, Teresa, Teresinha ou Nenhuma, o melhor é passar de largo. Sabedoria nunca é demais. E você o que faria? 


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