O engodo da diversidade, equidade, inclusão e outros


O sonho de muitos jovens (que também era o meu) é trabalhar numa estatal ou mesmo multinacional, com ótimos salários, planos de carreira e benefícios. Isso porque são essas organizações que ficaram conhecidas por oferecem os melhores salários e as melhores condições de trabalho. Mas será que isso ainda é verdade?

Nabíblia é um jovem reto, justo e temente a Deus. Ganhou esse apelido dos colegas de trabalho por causa das constantes pregações religiosas e citações bíblicas. Nabíblia, casado, diácono de uma igreja evangélica tradicional, conservador e cheio de virtudes, finalmente conseguiu realizar o seu sonho: um emprego numa multinacional para chamar de seu. Depois de participar de um processo seletivo para astronautas da NASA, Nabíblia finalmente ganhou o crachá e as boas-vindas dos colegas e superiores. Mas logo percebeu que a coisa não é bem assim. Após três anos na organização nosso herói já não aguenta mais. Pensou em pedir demissão, mas sem nada em vista e com a atual crise econômica, acabou desistindo. 

Mas qual é o problema de Nabíblia? Simplesmente a política da organização contraria seus princípios mais sagrados. Após ser torturado com pregações ideológicas do tipo não falar "feito nas coxas" porque se refere a telhas feitas por escravos e isso constrange os colegas negros, ou não mencionar "carne" porque carne vem do boi, boi tem chifres e tá chamando algum corno de corno, Nabíblia teve que participar também de uma reunião sobre ideologia gênero. Nessa reunião, foi obrigado a sentar no colo dos colegas, rebolar e dá selinho no travecão palestrante com cara do capeta. 

Já Miloquinha, jovem extrovertido e alegre (até demais), leva tudo na brincadeira, se sente em casa, não se preocupa em sentar no colo dos colegas, dá reboladinha e nem selinho no capeta. Miloquinha adora tudo e teve seu sonho realizado. Finalmente encontrou a empresa ideal para trabalhar. Miloquinha ganhou esse apelido... Er! Bem, vocês sabem porquê.

Outro problema dessas organizações é inventar cargos para reduzir salários e dificultar o acesso do profissional aos salários mais altos, como os cargos que possuem no final os termos "Júnior" e "Trainee". Com isso os profissionais nunca ganham os salários dos cargos que ocupam, mesmo com cinco ou dez anos de experiência na área. A hierarquia vertical muito longa e rígida também dificulta promoções, mutila criatividades e iniciativas, embaça talentos e beneficia apenas os que ocupam cargos de comando. Esse contexto faz com que todos os esforços dos profissionais sirvam apenas de escada para os líderes subirem e aparecerem ainda mais. Basta dá uma olhada rápida em qualquer multinacional que logo percebemos a enorme quantidade de jovens. Praticamente não há pessoas com mais de quarenta anos. É que essas pessoas já perceberam o engodo.   

Não sei se os diretores ou mesmo proprietários dessas organizações sabem o que ocorre dentro dos seus muros produtivos. Talvez o fato de haver ainda poucos processos judiciais não motive ações inibidoras desses assédios, ocasionando essa inércia por parte dos empresários.   

Parece que para essas organizações é mais fácil gastar dinheiro com departamentos de diversidade, equidade e inclusão (que só faz pintar arco-íris, colar cartazes e pregar ideologias toscas) do que realmente fazer alguma coisa útil nesse sentido. Na verdade nenhuma organização gasta dinheiro. Se estão investindo na ideologia da esquerda é porque estão se beneficiando de alguma forma. Para usar os funcionários como massa de manobra dessa forma, arriscando até serem processados por assédio moral, o "benefício" deve compensar (e muito). Estranhamente ninguém imagina que diversidade, equidade e inclusão se refere a moradia digna, por exemplo. Não coaduna com o profissional que mora numa favela dominada por traficantes ou com o pobre que anda de GOLF (Grande Ônibus Lotado e Fedido), larga do trabalho já à noite e precisa caminhar ou mesmo pedalar pelo acostamento de uma BR escura e perigosa (apesar de haver vários registros de assaltos e acidentes). Ninguém pensa em criar um departamento ou contratar um gestor para um programa de reforma de barracos e financiamento de veículos e moradias dignas para os trabalhadores. Muitas dessas organizações não possuem sequer um plano de saúde para os seus "colaboradores". A hipocrisia e mau-caratismo desse povo são constrangedores.  

Diversidade, equidade e inclusão é entrevistar os trabalhadores a fim de conhecer as suas necessidades, desejos, dificuldades e o que esperam da organização. De posse desse conhecimento o gestor deve elaborar um plano de gestão para atendimento dessas necessidades. Não é empurrar ideologias tocas goela abaixo, censurar e amordaçar pessoas que precisam do emprego e por isso não podem se defender, sendo obrigadas a concordar com o que está sendo pregado. Uma covardia sem tamanho. 

Trabalhei numa empresa que pretendia promover o lazer dos trabalhadores nos finais de semana em seu clube social. No local havia quadras de esporte, piscina, brinquedoteca e outras opções de lazer, mas poucos frequentavam. Resolvi interrogar os trabalhadores em escrutínio secreto por meio de uma urna, formulário e caneta colocados em um local reservado. A resposta foi a que todo mundo com mais de dois neurônios já sabia: querem confraternizar à vontade com os seus e não em meio e sob os olhares dos superiores hierárquicos e colegas de trabalho que não são seus amigos. Outras questões como ter prioridades para resolver (como reformar o barraco e fazer bico nos finais de semana para melhorar a renda), falta de dinheiro para o lazer e não atendimento de necessidades básicas, foram outras questões registradas. Quando as necessidades básicas, como moradinha, alimentação, sono e sexo não estão sendo supridas, não há vontade, entusiasmo ou estímulo para outras atividades. Ninguém consegue ser profissional sabendo que deixou seu filho numa UPA da vida ardendo em febre, para ser atendido Deus sabe lá quando, e por uma equipe médica exausta, mal paga e truculenta.

Qualidade, segurança, saúde, responsabilidade social, diversidade, equidade e inclusão é contratar profissionais pelo currículo e não por cotas de cor de pele ou de problemas sexuais. É ter moradia, segurança, transporte e saúde dignas. É entender princípios e valores individuais sem pisá-los. É poder expressar o que pensa, ter um ambiente de trabalho sadio, transparente e livre de ideologias toscas. É poder ter iniciativa e desenvolver seu potencial criativo. É ser reconhecido e receber o salário do profissional e não do estagiário. O que passa disso é apenas balela.

Fonte da imagem: Imagem de Madhana Gopal por Pixabay 

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